Esta carta pública e coletiva surge em função de um problemático e grave episódio vivido pelo crítico Bruno Galindo, participante do Talent Press Rio 2019, após a publicação de seu texto “Intervenção e o filme-bomba” (tinyurl.com/r43ss2q), crítica do longa-metragem “Intervenção”, exibido durante o 21° Festival do Rio.
Após uma reação da produção do filme quanto ao teor da crítica, o Festival tomou a decisão descabida e desproporcional de retirar o supracitado texto da página oficial do evento. Como consequência dessa remoção, todos os textos produzidos pelos e pelas integrantes do Programa foram deslocados para um blog à parte.
Esta carta não é uma autodefesa, mas uma séria e objetiva reflexão. A primeira questão deixada aqui se dá acerca da desproteção que o crítico sente ao ter um texto, não importa por quanto tempo, retirado do ar. Cerceamento de liberdade crítica num festival que, a todo tempo, evoca em seus discursos de apresentação palavras como “resistência” e “democracia” é, nota-se, de uma contradição difícil de mensurar.
Apesar do ocorrido, Bruno escolhe seguir escrevendo e participando do Programa por mover assim, nele e em todos e todas que assinam coletivamente esta carta, um gesto de permanência naquilo que é nosso ofício, nosso trabalho e, particularmente, nossa paixão.
Além disso, fica o sério questionamento, de todos e todas participantes e de dois dos mentores, sobre qual a função e legitimação que este espaço crítico possui, uma vez que, na primeira reação mais efusiva diante de um texto, oriunda única e exclusivamente de pessoas do filme, o festival escolhe desproteger e silenciar uma voz crítica selecionada para um projeto que integra e, mais do que isso, o enaltece internacionalmente.
Ou se respeitam verdadeiramente os espaços de pensamento crítico, ou nem começamos a conversa.
Assinam esta carta:
Bruno Galindo
Adriano Garrett
Chissana Magalhães
Kênia Freitas
Lorenna Rocha
Raquel Morais
Taiani Mendes
Victor Guimarães